quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

...


Um ser egoísta é só mais um,
E ele não mudará seu perfume,
Independente do frasco.

As melhores coisas são aquelas que
Guardamos bem pelo perigo de evaporar.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Unificação de ideias

Feche a porta com cuidado
Assim não serão ouvidos rangidos
Apenas o brilho de luz e algo mais
São como vidros estilhaçando
Lentamente gritando liberdade
Eles voam e cruzam estrelas
Que apagaram espaços em branco
De linhas, universos, e silêncios
Que apagavam o contorno de mãos
E outros contornos do amor.


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Casa de paredes

Estrelas desabaram novamente,
Aquele céu de prata retorcido
Como as plantas do sertão
Agora escondido entre galhos podres
Que sustentam o coração.

Eu vivo no hospício ofuscante,
Brilha a mente, brilha o sangue,
Estrela morta da oração.

Aprisiona a mente,
Aprisiona a alma,
Mortas à facada,
Fitas duplas,
E alguns códons de parada.

Quem tem um lar levante a mão!
Que brincadeira mais insana;
Falta só uma semana,
Os meus braços cortarão.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Empecilhismo

Desafio não é aquilo que
O apunhala pelas costas.

Um saco de areia pode
Ser cortado e jogado no chão
De diversas formas.
A areia pode cair do saco.
Tudo vai-se um dia,
Não negue.

Uma faca pode
Transpassar a carne
De maneiras infinitas.
A carne só sangra,
Mas continua ali.

A moral da história?
Desafios não cortam, perfuram;
Continuarems vivos de alguma forma...

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Seja


O tempo leva tudo,
Disseram-me certa vez o absurdo;
De que curava feridas
De que era apenas uma flor
Morrendo e voltando à vida.

O tempo leva tudo?
Eu paro o relógio e sorrio
Como se o tempo deixasse de passar.

Se Deus também é tempo,
Eu rezo ao tempo para que me permita
Mais um pouco minha presença.

Mais um pouco de eternidade,
Mais um pouco sem sua ausência... <3

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Deserto branco (parte II)


Em algum lugar do céu
Eu decidi gritar para encontrar
Aquela que estava me esperando.

Mas nada podia ultrapassar o algodão
No qual eu levemente pisava.
Aquele deserto branco fora da terra
Era meu único lugar de descanso.

Eu não senti sede, nem vontade.
O horizonte também não me aguardava,
Pois ele não podia ser visto dali.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Yin


Alguém me disse para fazer silêncio;
__Shhh! Não o acorde por favor..
Não havia entendido o significado de tais palavras.

Alguém me disse para fazer silêncio;
__Shhh! Não o acorde, por favor...
Não havia ouvido o restante do pedido.

Uma alma estagnada ouviu bem o pedido,
Transformando o corpo em paralisia.
Não posso mais ouvir, nem entender.
__Shhhh! Não o acorde por favor..

sábado, 17 de dezembro de 2011

Necedade


Não direi qualquer coisa.
Não direi algo.
Não digo.

As linhas foram embora.
O lápis quebrou a ponta.
As folhas já envelheceram.
Não havia história,
Apenas uma capa abandonada na estrada da vida.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Inconsistência


Entre um ponto de início e um ponto final,
Apenas eu com um quadro e um compasso de tinta.
No meio da tela vestido de vestido e armadura
Uma passagem que aguarda uma estrela caída
Como as asas e seu nome de não anjo.

Lábios secos e salgados esperam
Olhos amargos e frisantes.
Lábios amargos não esperam olhos salgados.
Lábios amargos não esperam nada.

Entre aspas e parênteses de uma citação,
Eu nasci de sonhos que não eram meus;
Por obséquio, sonhos que atravessaram pontes,
Sonhos que atravessaram barreiras,
Mas sonhos que não podiam voar,
Sonhos que não eram sonhos.

Vida (Parte III)

Esqueça, remetente errado...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Vida (Parte II)

Querida vida, você tinha razão. Eu não tenho poder nenhum, nem sobre minhas próprias coisas. Peço desculpas pela primeira carta que redigi a você. Estou entregando novamente tudo em suas mãos, espero que não seja muito peso. Não posso prometer, pois sou inconstante, mas tentarei a partir de hoje tentar ser o mais racional possível para não te atrapalhar. Desculpe-me, mas nenhuma palavra faz mais sentido pra mim, então não precisa explicar nada, eu entenderei seus atos. Reticências.

Assinado: Seu recipiente.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Para mãos que também são minhas


De olhos fechados eu escolhi sonhar,
Mas sem guardar a realidade.
Eu esperei a resposta de longe,
A resposta que só eu poderia escutar.

Se eu puder ver o céu antes de minha morte,
Então que ele fique gravado em minha memória
Com todas as nuvens, e todas as formas
Que um dia eu senti em minha alma.

Os passos continuaram me levando,
E eu encostei as mãos naquele portão de prata.
Ele me disse que ainda não,
Mas invés de voltar vazio,
Eu voltei com algo maior,
Eu voltei com a esperança em mãos...

Falha no escapismo


Descobri que não posso pensar muito,
Muito menos em coisas que machucam.
Sinto minha alma sair de meu corpo.

Eu não sei como lidar com isso,
Finjo que as cores não desbotam.

Se eu rezasse por cegueira,
Esqueceria-me de coisas que não quero,
Se eu rezasse por chuva,
Aceleraria o processo.

Eu só precisava de algumas palavras de volta,
Não de todas.
Não sei bem o que existe e o que não.

Agora que não existe futuro,
Tenho medo do que pode estar em frente.
Por favor alguém me proteja.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Paciência


Eu não te perguntei,
Porque você continua falando?
Me deixe, eu já te disse.

Milhões de vezes não mudam sua persistência,
Eu não quero saber a resposta para nada.
Apenas funcione, é o que te peço,
De nada vale polir uma peça que não dá brilho.

Você não se acostumou?
Não tem problema nenhum,
Nem eu.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Sigilo


Eu não consegui mencionar,
Mas não consegui esconder.
Foram quando palavras saíram:
O valor do futuro não se alterou.

Foram vidas que deram nós nas pernas.
Brincando de cabra-cega,
Nos colocaram a fita
Para que não achássemos
As coisas importantes.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Concisão singela

O parágrafo está bem visível,
Há um mundo florescendo;
É você ciciando no meu ouvido.
Não mais conheço o insensível.

Com sua própria rotação e eixo,
Deixe a luz incidir paralela à seus olhos
E espalhar a beleza.

Que tipo de palavras poderiam
Atravessar a distância até seu rosto?
O silêncio entre dois sorrisos,
Contrapondo a inquietação entre dois corações.

Então mire para cima e atire suas epifanias.
Enquanto estiver sob esse céu,
Revelar-te-á que não há muitas a temer.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Fragmento perdido (Dia 15/11/11)


Ao ler alguns escritos eu decidi mudar, ao certo completamente até mim. Estavam errados a ordem, as páginas amassadas, as palavras, tudo; e eu teria percebido o erro tarde demais para que alterasse o início desse tudo, o que de fato me afetou bastante, e então, dentro de mais uma filosofia sem sentido, eu comecei a discutir o tumor que minha existência poderia estar causando no mundo – claro, despreocupei-me em seguida lembrando que ela não faria diferença alguma num mundo tão vasto, mas não foi o suficiente para que eu largasse as teclas ou as lágrimas.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O não sintético


Esteve se tornando sonolento
Que até mesmo comeu algumas letras.

Declinando, meus pés saltaram
Do chão para a cama.
Não conseguiria terminar
De forma sucinta o raciocínio.

Não tem graça alguma,
Nem nenhuma magia,
Quando sabemos que
Não nos lembraremos de nossos sonhos.