sexta-feira, 29 de abril de 2011

Separação anômica-altruísta


Mantenho anônima a mim mesmo

Minha autopercepção despercebida,
Caindo numa rua sem saída,
Que vive delineando a esmo.

Quando o hábito se torna comum,
Uma indiferença ordinária surge,
Ignorado, não mais urge.
O que antes era açoite algum.

Conto os passos corrigindo o som
Deturpado que chega ímpar
Aos tímpanos que mudam o tom.

Respiro mais uma vez o mar,
Maremoto de Poseidon.
Suspiro mais uma vez o ar.
O que você lembra não é o que aconteceu. O passado não muda o presente, o presente muda o passado, e um pequeno raio de esperança pode nascer, não importa o quão escuro esteja o seu coração; Mesmo imerso na escuridão, isso não significa que naquele lugar nunca existiu nenhuma luz, ou que ainda não exista.

Tornar a vida mais doce não é fugir dos problemas, é resolve-los sorrindo.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Materializar a palavra pensada, esquecida
Para sumir, desaparecer do pensar.

Sumir, evaporar como água, e não chover novamente.

A chuva invés de lavar meu coração,
Nada mais trouxe do que pura ingratidão
De me lembrar do que perdi em vão.

Matizar

Deixar amenizar a dor não vai melhorar
A situação em que encontra tal ardor.
Queimar talvez também não vá resolver
Esse grande furor que não quer aquietar.

E começa a subir a garganta, o cérebro.
E começa a corroer os dentes como cárie.
E começa a arder como febre.
E começa, e termina, e começa.

E enlouquece como a verossimilhança,
E enlouquece como a falsa esperança,
E enlouquece, desenlouquece.
Arrepende-se.

Chuva


Caem as gotas rotas
No meu pequeno camarim.
Deixo por fim o meu insosso jardim
Secar.

Vejo e não vejo
Os meus pequenos desejos
Tocarem a canção de ninar.

Quero e não quero
Mas penso e repenso.
Inúmeras vezes ao ver meu sorriso
Calar.

O estrondo, o trovão


Se o chão não fosse céu,
E o céu não fosse chão,
Reescreveria os limites do réu,
Rescindindo essa restrição.

Porque ceder a uma constituição
Comandada unicamente e criada pela razão
Não faz de nós culpados ou sãos;
Porque viver em uma ilusão
Na qual se tem total certeza ou não,
Especialmente destrói a Emoção,
Nos anestesia numa comoção,
Nos põe em descensão.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Espraiar


Qualquer abnegação dos juízos de valor
Não passa do egoísmo proveniente da derrota.
Outrossim, se outorga assentimental cor
Descolorindo o azul pacato animador.

Vivemos pedindo o tempo suficiente,
Prometido à nossa noção deficiente
Incapaz de desassimilar as frouxas conexões
Desposadas do passado e suas aflições.

Recalcitro a razão que recalcitra à mim,
Nego suas indolências não insólitas.
__ Disponha! Diz ela, ironicamente,
E reclamo: __ Disponha a ti mesma.

terça-feira, 26 de abril de 2011

E desde aquele dia o garoto prometeu não mais cantar sobre o amor se esse não existisse.
Porque então, o garoto continuou cantando?

Escarnecer


Desprovidos de previdências
Que se encontram nas próprias evidências,
Continuam a manter suas clemências,
Amolando a paciência, controlando suas tendências.

A clepsidra conta o tempo com as gotas das lágrimas,
Dispostas e exasperas, encanzinam os dias.
Exauro até secar como flor sem brilho.

Aspérrima a sensação de morder o fruto da dor
Adstringe a língua consolando palavras,
Mas também restringe-a,
Impede seu uso desnecessário;
Desde então, vê-se como necessário,
Inovar com escárnio as palavras de amor.

Fibhaiku - Linkage


Se
Não
Quero,
Desejo
Somente um suspiro.
Que não desvie seu olhar.


De
Querer,
Revejo
Tamanha artimanha.
O céu desvela seu pensar.

E,
Por
Final
Indevido;
O início eu deixei
Traçar, tal destino o engendrar.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Presumido


Erguer-me-ia ao sol se sua beleza não cegasse
E aumentasse o grau da miopia ocular.
Seguir-me-ia se sombra e reflexo formassem-se
Em frente e eu tivesse o que seguir no olhar.

Tornar-me-ia espelho e sem receio,
Porque Narciso busca-se e se afoga;
Sorrindo morre, eclética ilusão.

Trancar-me-ia como cadeado,
Sem chave ou empecilho que me abra,
Vivendo d'outro lado condenado,
Seria livre, jamais libertado.

Tratar-me-ia diferente,
Sabendo que sou o reagente
Instável que não entra na reação.

domingo, 24 de abril de 2011

340 m/s


Sua existência é barulheira.
Sua existência é barulheira.
Sim, estou falando com você.
Sim, falo com você mesmo.

Sua existência é barulheira.
Sua existência é barulheira.
Você não muda, e nem eu.
Você não muda, e eu não mudo.

Sua existência é barulheira.
Sua existência é barulheira.
Segunda pessoa imaginária que chamo de Tu.
Sua existência é passageira.

Procuro respostas em mim,
Procuro respostas em você.
Sua existência é indiferente.
Procuro respostas no que chamo de Eu.
Procuro durante minha vida inteira
O meu reflexo de olhos fechados.

A 340 m/s ele chega, pelo menos deveria.
O atraso temporário, o atraso temporário.
Isso me soa como uma anomalia, uma anomalia.
Isso me soa como um novo som, um novo som.

Isso me soa como um novo dia, um novo dia.
Isso me soa como um outro dia, um outro dia.
Isso me soa, tão idiota quanto minha determinação.
Isso me soa, tão idiota quanto minha sensação.
Isso me soa, tão idiota quanto esse poema.

Esse poema sem sentido não me completa, nem você.
Esse poema sem sentido não me completa, como você,
Segunda pessoa do singular, não imaginária.
Isso me soa como um antigo dom, o de esquecer.

sábado, 23 de abril de 2011

Devolução (parte 2)

Viver com passos largos, mas sem pressa.
Morder os próprios lábios, com vontade.
Ver a faca de dois gumes se deteriorar.
Nada fazer, por assim deixar.

Abandonar crenças e descrenças
Abrir de vez os olhos e andar,
Recuperar o que o tempo fez perder,
Aproveitar o que o mesmo fez ganhar.

Sorrir por uma causa simples
Até toda a água secar.

Devolução

Forçadamente, escolho subir de volta para a superfície,
Começo a abrir os olhos, deixando a água escorrer.
Sinto mais uma vez o frio do vento da planície.
Sinto mais uma vez a realidade nos ombros a pesar.

A água gelada escorre de volta para o lago.
As roupas molhadas e a realidade a pesar.
A faca de dois gumes a se deteriorar
Viver, indiferente.. Evitar?

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Imaginário


A terra dos sonhos perdidos
Continua a flutuar no imaginário
Dos inocentes e dos iludidos.

Na terra dos sonhos falidos,
Milhares de sonhos continuam caindo
Como as pétalas secas no Outono.

A terra dos sonhos perdidos
É estilhaçada em quaisquer sentidos.

Na terra dos sonhos falidos
Restam as pequenas vontades
Que não mais habitam um corpo.

A terra dos sonhos perdidos
Não possui nenhuma utopia,
Mas todos os sonhos egoístas.

Na terra dos sonhos falidos,
Muitos acreditam que poderão ser felizes.
Escutam-se os sons que não querem ser escutados.

Na terra dos sonhos perdidos,
Muitos buscam o que não alcançam na realidade.
Na terra dos sonhos falidos,
Brilha um sol artificial alimentado pela desesperança.

A terra dos sonhos falidos
É a procissão dos anjos caídos.
A terra dos sonhos...
Talvez me estagne por lá.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

No one came to me and took my soul


A noite escura revela o medo
Do imperceptível e omisso segredo
Desvendado pelas poucas estrelas.

As poucas estrelas revelam tamanha importância
Em nada ser ou ser o nada.

A felicidade momentânea do alcoolismo sempre passa.
A felicidade momentânea do alcoolismo sempre passa,
Quando você menos espera.

As poucas estrelas revelam sua não importância.
A felicidade momentânea do alcoolismo sempre passa,
Quando você menos está preparado.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Eíkosi


Voei demais quando criança, atrás de pequenos balões.
Procurando respostas para todas as coisas do mundo.
Desejei demais amadurecer antes do tempo,
Com minha precoce infantilidade.

Corri demais nos últimos anos, fugindo de pequenos balões.
Com medo das respostas para todas as coisas do mundo.
Desejei demais amadurecer antes do tempo,
E encarar os assuntos com prioridade.

Imaginei demais nos últimos dias, fugindo de mim mesmo.
Ansioso sem motivo concreto, acho que voei demais.
Desejei demais minha felicidade, me agarrando a pequenos balões.
Com minhas pequenas coisas do mundo.
Voei demais, com minhas pequenas coisas do mundo...

Demasiado nos últimos dias, suportando o a mim mesmo.
Angustiado sem motivo concreto, acho que comecei a cair.
Desejei demais minha felicidade, me agarrando a pequenos balões.
Com minhas pequenas certezas e incertezas...
Ainda quero voar.



Estive pensando mais uma vez nos tempos que ainda chamavam de infância;
A ingenuidade, a falta de comprometimento, e lembrarmos mais uma
Vez que nossos pais diziam a todo instante as verdades universais
Que tanto procurávamos e negávamos uma vez mais antes de
Aprendermos a diferença entre o hoje do presente e o amanhã futuro.

A antecedência anêmica soprada pela sensibilidade


A beleza do sol puntiforme queima
Os olhos amaldiçoados por um feitiço.
O contato direto
Emancipa o êxtase e faz desejar mais.

Independente de um remorso,
Um suspiro canta com intensidade
A música que está acima da atração.

A intensidade me faz esquecer das responsabilidades.
A intensidade deteriora o racionalismo do pensamento
A intensidade... Faz-me terminar por aqui.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Saber


Esperando as altas horas,
Emancipo o sol do horizonte.
Deixo o branco purificar
Como não houvesse afronte.

Apedrejo as mãos até aprenderem a cuidar.
Deixo a dor enfim passar e me ponho a deitar.

Mesmo após o café, minhas pálpebras insossas,
Amolecem a paciência, adormecem a consciência.

Com a angústia da culpa.
Ponho-me a levantar, ponho-me a deitar.

Meu sistema quer dormir,
E eu preciso reagir:
Encontrar pra onde ir,
De algum jeito me remir,
Simplesmente acreditar.

Pulha

Quando tudo deixa de ser, o que é pra ser.
Simplório nada redundante.
Apenas seja, aquilo que não é pra ser.
Simplório nada redundante...

Três se for necessário, duas se quiser escutar, uma se quiser apenas ver.
Nenhuma, como agora.

domingo, 17 de abril de 2011

Rearranjo

Homeostase imperfeita, equilíbrio inatingível.
Nodo sinoatrial que não induz os estímulos elétricos.
Nodo atrioventricular que não repassa os estímulos elétricos.
Onomatopeia não alcançada nas válvulas cardíacas.

A doença atinge o psicológico,
Reflete na produção de plaquetas;
A falta de fibrina deixa o corte sangrar.

Sem sístole nem diástole, em parada cardíaca,
A coronária entupida pelo LDL
Permite a necrose das veias.

A ventilação pulmonar e a hematose falham.
A oxiemoglobina tão instável se desprende.
O fígado deixa de atenuar as toxinas.
Sangue venoso e arterial se misturam.

Doutor, qual a causa da minha morte?
O feedback negativo do meu próprio pensar?!
Doutor, qual a real causa da minha morte?

Alusão


Caem os céus sobre os ombros de todos Dom Casmurros
Traídos por aqueles que chamavam melhores amigos.
Caem as evidências rebuscadas desde a infância
Tragada por olhos de ressaca.

O fruto que permeia na casca desde a cotilédone
Aperfeiçoa-se cada vez mais protegido,
Aprende a fingir ser casca.
Exposta casca, enganosa imagem.

Enganando até mesmo a sinestesia,
Um olhar doce de olhos fechados,
Seduz os batimentos cardíacos,
Conduzidos a um labirinto com saída para o início.

O público aplaude a morte de Otelo.
O café envenenado. Deveríamos?
Deveríamos relembrar Durkheim,
Quando a separação vem antes do pedido?

"O suicídio" de Durkheim, quando a separação
Vem antes do consentimento?
Impedidos, por algum motivo.
Vivos, contamos nossas histórias.

sábado, 16 de abril de 2011

Conexão


Corra daquilo que não te pertence.
Fuja daquele mundo inerente.
Olhe nos olhos dos olhos.
Passe, repasse de mão em mão
A bomba que chama de coração.

Traga a beleza, se quer dizer, gentileza.
Induza a certeza longe da lembrança.
Escute duas vezes, três se necessário.

Quando os mundos caem, os vidros se estilhaçam.
Não há maneira, nem jeito, não há otimismo.
Quando os vidros de nossos mundos se quebram,
Eu enxergo melhor, eu enxergo melhor...

Descalço, descalço o mundo.
Não preciso, não preciso, não o preciso.
Três vezes se necessário.
Eu enxergo melhor sem vidros entre nós.

Viagem

Numa oscilação entre tempo e espaço
A inconsistência dos relógios se desvenda.
De pura imaginação canalizada como último recurso,
À irracionalidade do inconsciente surrealista

A brisa sóbria atinge o corpo, seda os olhos.
Fecham-se, permanecem inertes sem piscar.
Surge um abstracionismo com cores cubistas.

A névoa atóxica perpétua delineando imagens.
O coração desacelera gradativo ao ritmo respiratório.
Perdemos o controle ativo de nossos músculos;
Os olhos sedados cedem, entramos em nossos mundos.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Insopesável


Tire das costas nuas o que você esconde,
E protege com asas imaginárias.
Mostre sua oculta personalidade.
Mostre sua verdadeira pessoa do singular.

Não se abotoe como um casaco de seda.
Sei eu, sem mesmo conhecer,
Você esconde seu verdadeiro potencial
Como um zíper que só se abre por dentro.

Ressoe a alma, ecoe suas particularidades
Nem que seja por telepatia.
Você não sabe de suas verdadeiras asas,
Nem sequer se eu tenho intenções.

Largaria tudo, menos meu otimismo.
Se você me tocasse com esse potencial.
Largaria tudo, menos meu otimismo.
Se você me tocasse com esse potencial...

Mágico ou real, tudo se transforma
Numa grande polimerização.
No presente, não me importam previsões
Apenas se você me tocar...

Pleasure


Os mundos são erguidos; frente a frente,
Sorrisos são trocados, sem simulação, sem apatia.
O espelho reflete a luz, nunca as sombras
Da tradução do seu livro de capa transparente.

Claridade simples, dicotomia inversa,
Distinto significado que procuram.
Num eclético dicionário metalinguístico
Você se escreve em negrito e marca-texto.

O céu se auto-desvenda em plena noite nublada.
Estrelas brilham mais uma vez
Estrelas brilham novamente, outra vez
Estrelas brilham com um significado.

Você está entre elas?
Você está entre elas?
Brilhe, brilhe, brilhe, apenas brilhe.
Brilhe novamente, brilhe outra vez
Brilhe com um significado.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Outro

O mundo de um talvez se alaga de respostas
Vasa os limites, transbordam respostas
Definidas não vagas respostas

O mundo de um talvez leva à duvida
Problematiza o infinito, faltam respostas
Indefinidas vagas respostas

O mundo de um talvez, talvez não tenha solução
Se alaga de respostas duvidosas e de duvidas respondidas...

domingo, 10 de abril de 2011

O amanhã

Ahh.. como é doce aquilo que chamamos de indiferença.
Uma das melhores coisas, é se sentir normal, e esquecer de todos os problemas da vida. Não é tão fácil, mas se resolve com insistência. Talvez nem eu acreditava, que hoje eu estaria sorrindo de novo.

sábado, 9 de abril de 2011

Insanidade

1- Ato de "borrar" os acontecimentos presentes, distorcendo a realidade e o sonho à ponto de massificar o ódio, angústia e tristeza em uma pílula que o torna um químico dependente do menosprezo humano.

2- Classificação atribuída àqueles que por quaisquer motivos psicológicos só encontram solução na fuga da realidade, a qual só é alcançada por desejos físicos violentos e gradativos que pedem uma demanda por sangue e/ou ódio.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

"Pontificação"


Seja, realize, mostre, exponha.
Veja, concretize, aposte, recomponha.
Redija, autorize, frise, disponha.

Voe, desatordoe, acorde.

Acorde

Possibilidade

E apesar de todas as palavras soltas, ainda me sinto engasgado. Algo não quer sair, algo que desconheço. Se tenho medo ou não, não vem ao caso, mas seria ótimo se cessasse essa angústia. Mesmo que isso represente o fim...

Annoyance

Perdemos o destino das mãos de meros farrapos
Erguemos todo dia em vão, bandeiras falidas
Trazemos uma solução, de uma ideia descontraída
Regemos a conclusão, de uma vida desiludida.

Traz de volta, o esplendor
Traz de volta minha mono audiência
Pra gerar a modernização da revolução de ontem.

Cala a alma, explicita a arma
Traz de volta a expiração, inspiração, respiração.
Traz de volta a minha indulgência, o meu crime satírico
Minha expiração, respiração.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Anáfora

Palavras iludidas e lúcidas.
Palavras não repetidas, mútuas.
E o doce de cada palavra que encanta
A falsa esperança alcançada.

Palavra dita e apreciada
Palavra dita sinestésica
E a afeição das palavras que abrem
Os estigmas da primavera

Palavra que brilha e conduz
Palavra que acende a chama
Revela inúmeras câmaras
Conecta viver e razão

Palavras guardadas, zeladas
Palavras de oxirredução
Revela em solução salina
Omitidos polos de eletrização