quarta-feira, 27 de março de 2019

Linha de sucessão


A semente de feijão,
Que brotara no algodão,
Procurara se ancorar
Onde a luz há de dançar.

Ora tanque de guerra
Atravessando um rio,
Ora trazendo miséria,
Revolvendo-se em arrepio. 

Turbulência a fere e dura
Numa trágica ternura,
Morna, trabalhada e crua.
Sem direito de recusa,
É necessária firmeza.
Não importando qual dureza
Só não deixe ser confusa.

Forjar-se-á nova escolha
Se desejas prosseguir,
Talvez tenha que voltar
Ou até mesmo rescindir.

É preciso cautela, estômago pra digerir,
Não há de ser nenhum jardim
Cemitérios ou afins.
Se voar é só descer,
Se nadar é só dar pé.
É preciso aportar,
Fugir de correntes e marés.

O sol torna a convidar
O ego inflando o nariz.
Bases não seguram mais
Tamanho caule e raiz.

Aprendeu a se armar,
A matar e defender.
Procurando se espichar,
Não entendeu o que é crescer.

Qual terreno oferecer
É lá que vou residir
Mesmo que haja de mudar
Itinerante eu vivi.
E hei de me contentar
Se baldio ou já ocupado.
Importante é que haja espaço
Que caiba este coração vago.