domingo, 21 de setembro de 2014

Isósceles

Cada qual com
O seu lado oposto
Menos um

Eu tenho feito
Tudo o que posso
Eu estou apaixonado
Por um fantasma

As lembranças
São coisas assustadoras
Elas abrem as cortinas
Sem pedir licença

Perco a noção
Do que é estar cego
Sei nem se o chão que piso
Está ou não cheio de ego

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

"Adorar" também tem dor no meio

No mínimo, escrever é a combustão de tecer letra a letra e se vestir de sentimentos inflamáveis.

domingo, 14 de setembro de 2014

Escarnecer (Parte VI)


Provaste teus desejos
Teu pêssego em vinho
Mas quem te devorou
Foi um coração sozinho

Aquela existência
Que não dava a mínima
Te seduziu até a cama
Te prometendo todos
Os amanhãs que acabaram
Dia seguinte.

Sem de fato conseguir
Derramar lágrima alguma
As mentiras e desculpas
Foram vistas de mãos dadas.

Meu pequeno,
Quer esquecer, esquece
Quer seguir, segue
Mas anda, que ainda tem alguém
Te esperando ali na frente.

Photo by Sirius-sdz

Da subserviência à autossuficência


Tua loucura;
Pega e dança.
Baila.
Pisa nos pés
Dela não deixa
Tirar teu nome dos livros.

Escreve nela
Teu domínio e função.
Matemática pura.
Faça-a obedecer
Às regras da tua equação.


Photo by escume

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Engula

A vida é
Assim mesmo

O doce só
Fica na ponta
do Iceberg
Pra que você tenha
O risco
De perfurar a
Língua.

domingo, 7 de setembro de 2014

Pinceli


As coisas que eu escrevo
Eu eternizo na rede
Pra deseternizar da memória.

Esse poema é o primeiro
Que tem nome de gente.
Esse poema tem teu sobrenome.

Só seguir em frente nunca foi
Uma boa opção.
Eu precisava voltar
Ao início de tudo.

Photo by Softyrider62

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Por falta eu me entendo (II)

Sorriu pro mundo.
Brilhou, me atingiu. 

Iluminou algum pedaço 
De algum pedaço 
Da minha calçada. 

Eu tinha medo de sair 
Daquele quadrado 
Até a porta de um abraço 
Desconhecido. 

É que o mundo dela 
Certamente 
Era a mesma distância 
Entre mim e a lua. 

Admirar de longe, 
Nunca foi o bastante 
Pra um caçador de sonhos.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Por falta eu me entendo

Nem você e nem ninguém
Merece ouvir
O barulho que é regar
Meu mundo

O fiz suportando sem
Suportar nada

Aquele orgasmo
No peito explodiu
Remorsos

Dei-me conta...
Completa um mês hoje
E meu corpo ainda relembra que
Você ainda está com meu lençol

Foi um dos sentimentos
Mais belos e intangíveis
Que tive que prestar contas
No cartório

Nunca cheguei a assinar nada
Deram-me um recibo
Dizendo que nem o tempo
Traria as respostas

Toda uma vida
Num caso de menos
De duas semanas

O amor próprio
Só parecia tirar férias
Quando eu mais sobrava.