quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Prescrição


Inconveniente
Leva e trás sem permissão
Recitado e receitado
Inimigo da imaginação

Medida de distância
Curto ou comprido
Passa abraçado
Ou armando furacão

Egocêntrico
Ninguém controla
Mas é moeda de troca

Seus sinais são contínuos
Suas sinas, programadas
Seu nome irremediável

Irreversível tempo

Photo by Frostwindz

sábado, 20 de dezembro de 2014

Analemma

A beleza do infinito está dentro
De outra pessoa que não você,
Hoje.

Não tenha pressa,
As mudanças mentais
São mais lentas que as físicas.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Escarnecer (parte VII)

Dilúvio,
Tu me afundas
Pintando-me de preto
Como uma onça
Num território de onças
Olhando a mesma caça.

Horrível
Não tanto quanto
Um arpão no peito
E um embrulho no estômago
Juntos.

É pior que qualquer coisa
Qualquer mentira
É pior que qualquer doença
Sem cura.

Resolvi não dar nome.
Nome sequer suportaria
Tamanho descontrole emocional.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Esperança para o agora


Faz um tempo nublado
Aqui as aves passam
E me lembram que uma hora
Também precisarei voar

O canto que cada uma
Trouxe ao meu ouvido
Gritava minha vontade
De me libertar

Essa liberdade perecia
Nesses teus olhos
Que choravam
Por um outro alguém

De alguma forma
Eu nadava a favor das tuas lágrimas
De alguma forma
Eu nadava contra também

E o canto que cada uma
Trouxe ao meu ouvido
Tirava-me a vontade de ficar

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Superego

Eu to com a língua submersa em pontos cruzados
Uma ânsia de vomitar a combustão e o degelo
Todo dia tem sido essa dor de cabeça depois das 21
Eu penso no teu nome
Cada parte dele
Cada frase dita
Deturpo
Esqueço
Mereço.

Eu pego o trem
Pra outra cidade
Eu pego outro número
Deleto
Atualizo
Volto

Eu fico brincando de controlar meu id
Com esse superego de bosta
Antecipo todo e qualquer tipo de sofrimento
Todo e qualquer tipo de conquista
Tipo aquelas que nunca tive
Aquelas que tem seu nome
Cada parte dele
Cada frase dita...

Repito de tempos em tempos
Os mesmos atos egoístas
E as mesmas declarações banais
Que tomam os mesmos foras

Cada dia em função das obrigações
Deixando pouco tempo pras reflexões
E sentimentos em ângulos agudos

Se posso espremer e exprimir
O que há ainda de melhor em mim
Eu gostaria de saber de verdade
Porque então a cada passo do presente
Me afasto dois da realidade?