quinta-feira, 30 de junho de 2011

Átono


Eu achei que não precisava de uma saída
Nesse mundo que compreendia minhas leis,
Mas as estrelas se voltam contra mim
Rasgando minhas mãos.

Correndo desesperadamente
Para a próxima porta,
Eu encontro os pesadelos
Mais profundos. Uma vez sonhados.
Eu não deveria ter rezado por cegueira.
Agora que está tudo escuro.
Eu devia ter rezado por chuva.
Mesmo que da última vez que o fiz,
Ela só trouxe de volta o que um dia havia secado.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Estrênuo


Em alguns minutos minha consciência adormecerá
E entrará mais uma vez para o mundo dos sonhos.
Mergulho nas ondas sonoras, sendo levado pela amplitude.

Quando eu abro os olhos, estão as estrelas
Repousando sobre mim. Brilhando.
Conduzem-me de porta a porta.
Nenhuma delas é a saída.

Elas acreditam que o céu
Não passa de pura imaginação.
Nenhuma delas é a saída
Porque não estou tentando fugir.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Silêncio


Deixa ele entrar.
Como quando estamos com a porta fechada do quarto.
Silêncio. Silêncio.
Como a Serenidade. Oposto do barulho do incômodo.

Silêncio. Silêncio.
Para acalmar e não para o suspense.
Para homeostase e não para a insanidade.
Pela primeira vez me faz bem. Acompanha champanhe.

Não sei se me engano. Pra ser sincero.
Depende do tipo.
__Shh! Silêncio..

domingo, 26 de junho de 2011

Tolo


Coleciono ossos de pessoas enterradas, sofro com a angústia de buscar os fatos, ao mesmo tempo que me saciam. Não tento recriar os esqueletos, apenas deixo claro todas as partes para encontrar o sentido da vida. Não sou arqueólogo, sou Dom Casmurro.

Ignorância sórdida


Não sei o que é aquilo que brota nos galhos e cai
Na cabeça dos ordinários após a polarização
Que permite a sinapse dos terminais livres.

Permito em mim qualquer distinção de vocabulário
Permeando as ideias erradas e neologismos ilógicos
Que insistem estarem corretos sobre mim.

Não sei o que quero dizer quando digo que sei
Que o que não quero está longe de ser o que sou.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Inutilidade


Pra onde foi aquela coragem entusiástico?
Pra onde foi aquela determinação esmagadora?
A vida é clara demais para reparar os erros escuros?

E onde está o paraquedas do tripulante?
Onde estará a piscina do navegador?
Onde estará o leme do viajante?
E onde está a dúvida incerta?

Se Deus está acima, ele não olha.
Se Deus está entre nós, também não olha.
Onde está Deus para aqueles que atravessam a rua olhando pros dois lados?
Onde está Deus para aqueles que insanamente pedem pela absolvição dos pecados?

Se Deus é o mundo, o queimamos vivo a todo instante.
Se Deus está no coração, só lembramos durante o desespero.
Onde está Deus nos momenntos de alegria?
Trancafiado no armário como brinquedo de criança reprendida?

Você olha e repara bem, antes de abrir a boca,
Você olha para o chão toda vez que anda,
Você finge se importar quando realmente não importa,
Você não escuta nem mesmo o eco refletido por suas paredes.
Onde está Deus, para as pessoas que não querem ser salvas?
E onde ele está para quem não o precisa?

Dizem que super-heróis não são aqueles que realmente nos salvam, mas os que tentam. Talvez se eu tiver um propósito, eu pare de pensar tanto e entenda porque do nada essa crise convulsiva e inútil que não sei o que critico. Eu mesmo? Quem sabe...

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Irrequieto


Convence meu modo de ser
E insistir na protuberância das cores.
Perdido em algum lugar,
Encontrada nos braços de alguém,
A chave da libertação.

Quem disse que o amor é uma prisão?
Quem disse que liberdade é estar só?
Um par de asas, dois pares de asas,
Tomar voo sem medo da altura.

A liberdade se encontra
Em realizações e desejos
Que rasgam o céu.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Corromper


Sim, eu fui encontrar, na única vez, de solução à razão.
Não, eu não fui buscar, qualquer ilusão, de sentir na mente; o que é vazio mente e esconde o que sente sem descrever a miopia e o astigmatismo acrofóbico que se calou e insinuou.
O inferno recria o mundo vazio que permeou ou invadiu as órbitas de plutão, enquanto mercúrio que era pra ser, deixou de crescer e vira estrela mais uma vez. Se fosse brilhar, que se calasse antes de remeter o ofusco da privacidade alheia.
Que seja, isso me faz cada vez que eu olho, perder mais, perder mais, perder, a vontade de tudo que sou capaz.
Apesar de mim, crer no que eu posso, crer no que não posso, já que alma não é livre, seja então aprisionada em todas essas censuradas trilhas não sonoras que rebuscam e se acabam em labirintos de nada ser, tudo ser, alguém ou o não.
Porque se esconde, nesse vasto espaço tão pequeno, nesse quarto obsceno, de paredes que frisam os olhares, para os lados, Monalisas mascarados de branco. É o tempo, que desiste de passar, o sofrimento tão ímpeto e sem.
Isso não vai me medir, porque não vai me perseguir, porque não vai me conferir, porque não vai aludir, porque não vai mais ferir, porque não vai mais, e ponto, e pronto...

domingo, 19 de junho de 2011

Hominização

Qualquer visão turva se desfaz sem visão desnecessária
De ser alguém, discreto e remunerado por erros
Que visam a perplexidade do verbo consertar.

Qualquer visão sem ponto fixo e não ampla
De ser alguém, tão certo em meio às anormalidades
Encontradas a cada passo da rua X
E suas fórmulas que emanam no ar.

O cheiro da poluição marca mais uma vez a morte cerebral
De milhões de pessoas contaminadas por essa docilização
Da qual também faço parte.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Artrite


Viver é relativo, de oração subordinada à oração coordenada assindética.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Durmir como pedra, acordar pedra.

Acabei crescendo demais de tamanho, enquanto o essencial, manteve-se estagnado. E então percebo o quão inútil e idiota, a cada gota de fraqueza, fui ao achar que saberia lidar com meus sentimentos, e continuar sendo atormentado por algo que nunca vai fazer sentido na mente, e perder meu tempo de estudo escrevendo sobre deficiências que não serão resolvidas. Eu parei de fugir do passado, e agora a necessidade de fugir do presente. Eu sei, se há alguém que pode me reconciliar, não passa de mim, e mais ninguém.. Mas uma vez meu pai disse, o amor verdadeiro, não machuca...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Lapso


A neblina sórdida turva
Em desencontros o apófito
Infeliz, esquecido, resguardado.

Um coração se picota com navalha
Meio às aflições contidas com esmero.
Vitrifica-se para proteger a desvalorização

Sendo assim, sem mais, sem menos,
Me acostumei à pior possibilidade.

domingo, 12 de junho de 2011

Complicações


Fazemos das pequenas coisas alguns problemas
Recíprocos em nossas existências e edemas
Quando afagamos as incompatibilidades
E nos afogamos no alcoolismo das possibilidades.

Refletindo e refracionando em transparência
A informação elíptica e zeugmática nas frases
Que exprimem o ressentimento impingido
Em anacolutos tatuados por todo o corpo.

O anacronismo persiste sobre as circunstâncias
Brincando de atuar o Byronismo surreal.
Soluços vêm aos poucos como a Morte
E sua angustia existencial superestimada.

Um abraço, e o drama passa como a chuva de verão.
Outro, e volto a ser um ignorante inexpressivo.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Anuir


Livros e pilhas de livros em sequência
E desordem que confunde a cabeça.
Informação demais para um só,
E imprescindível para todos.

As rimas não vêm como a noite,
Confundidas, espalhadas e seladas,
Dentro de nossas remanências.

Mente humana, uma grande lata de lixo.
Reciclamos em perpetuações as informações
Desejadas que não queríamos guardar.

Ironicamente nos encontramos
No silêncio de nossas memórias,
Sem boca, audição e conotação.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Limbo


Tentei brincar de me equilibrar,
Mais uma vez não sei se foi um sucesso.
Agora, vejo os outros antes da corda bamba,
Eu poderia até tentar rir como tentativa de fugir,
Algo me diz que se caírem, a culpa recai sobre mim.
Indiretamente eu finjo não saber ser o causador de tudo isso.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Watashi no koe ga kikoetemasuka?


Ao menos tenho a força de vontade de fugir mais uma vez para os rascunhos como forma de refúgio das insignificâncias sentidas, de me fechar no meu mundo estilhaçado, livre, inconsequente da minha ignorância e do meu egoísmo. Sem nenhuma gratidão, nem nenhuma reciprocidade, é previsível. Ao menos eu sei que qualquer lugar que quiser andar sobre, vou me cortar. Os medos somem se não há solução. Gentilmente, a dor, quando consecutiva, torna-se habitual, um costume.

Viver é uma fraqueza. Deixar de ser tão fraco, e sentir menos...

Cativo

O descobrir dos fatos continuam se escondendo.
Lutar para ir, ou lutar para ficar?
Inconformado aquele que não sabe de qual lado está.

Errante, cada vez mais oblíquo e elíptico,
O campo elétrico de forças de repulsão
Encrustado na alma e no coração.

Fere as mãos do artesão, força bruta,
De não deixar remodelar em argila
Forma que está longe da perfeição.

domingo, 5 de junho de 2011

Aceleração


Os freios quebraram a fantasia.
Descontinuidades avançam
A psicologia reversa de ré.

Qualquer credibilidade não pode ser mais aceita
Quando uma receita se torna algo vago e não definido.
Os autores dessa peça fugiram para outro país
E não há personagens disponíveis no roteiro.

Espectador, tornou-se.
Não há horas para a abertura das cortinas.
Ninguém sabe quando a peça irá começar.
Sentado, sozinho, junto com os fantoches.

Alguns fios manchados por ferrugem e teias
É o que te faz perceber que o ponteiro do relógio
Gira.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Forçar


Um sorriso no rosto.
A dor para dentro de novo.
A circulação ficar mais lenta.

Um sorriso no rosto.
O choro para dentro de novo.
O coração a ficar mais lento.

Um sorriso no rosto.
O frio para dentro de novo.
A canção a ficar mais lenta.

Um sorriso no rosto.
As palavra para dentro de novo.
O tempo a passar... mais rápido.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Avessar memórias avertendo o quinto sentido


Paciência para brincar de equilibrar-se.
Se o tempo uma vez esgotado
Já pesa nos braços o atraso
Inadmissível do relance.

Paciência para as asas de um anjo,
E sua lenta recuperação,
Feridas por lanças e espinhos.

O vento sopra por dentro da fechadura de portas trancadas,
O som pode até ser ouvido, mas isso não significa
Que você foi alcançado.