terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Des(pedir)

...

Esse tal caminho sóbrio
Egoísta e impróprio
Que no fim não vai mudar
Porra nenhuma
Dessa sua vida suja
Porque você não pode
Simplesmente negar
Quem você realmente
É

Mas deixo ele debaixo dos teus
Sapatos
Já que você realmente quer
Andar de salto
Pra ver as pontes quebradas
Por cima dos muros

Photo by xetobyte

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Mil moles de solidão

To aqui diluído
Na minha gratidão
Eu sobrenado e precipito
Sou parte da
Solução

Titulo-me
Pingo alguns volumes de felicidade
Desconheço minha própria
Concentração

Volumetrio-me
No ponto de viragem
Sinto o humor ácido
Errei no cálculo
Ou na convicção?

domingo, 18 de janeiro de 2015

Porque metade de mim é trouxa e a outra metade também

Meus olhos já vazios de pinga
Meus lábios já tristes de despedidas
Você não entende porra nenhuma

Não se faz de santa
Não paga de psicóloga
Não se faz de puta
Você não entende porra alguma

Teus romances meia boca
Tão longe das minhas ilusões
O ar da graça aparece
E na mesma proporção,
Vê se me esquece

sábado, 17 de janeiro de 2015

Seu quadrado

Não bastasse os jogos de azar
Você me fode com essa aposta
Borrada de tantos riscos

Por comodismo eu invisto
Nesse beijo porco que compartilhamos
Numa noite porca onde dois monstros
Não se sentiam seres humanos

Em meio a solução éramos problemas
Pessoas tortas buscando prazeres
Nas situações menos retas possíveis

Passei a personificar
Meus próprios medos
Entrelaçados ao meu
Comodismo acidental

Teus olhos chupam
O que há de instinto em mim
Eu gozo (disso) e continuo
A te encher o saco...

Atração sexual
É uma coisa do caralho.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

O mentiroso de Vênus


Palavras usadas demais
Descaracterizavam-se
Sobre o peito

Sobre um mundo
Que ainda era
Uma mentira de heranças,
Maleavelmente caminhavam

Alguns abraços, interditados,
Acolhiam-se no desencontro
Da interferência
Entre pontos de vista discordantes

Distâncias silenciosas
Emancipavam-se
Pelo medo de serem
Encurtadas

Ensinaram-lhe
Que as coisas boas
Prevaleciam eternamente
Prolongáveis;
E não,
Prolongadamente eternas

Photo by Delawer-Omar

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Reiteração

Já pensei em parar
Mas não veio nenhum
Guarda de trânsito obrigar

Continuo acelerando
Cada detalhe sem medo
Da pressa que é passar
Despercebido

Faz um tempo que os sons
Da cidade levantaram
Um cartaz de procurado

Dos ouvidos das paredes
Continuo fugindo
Evitando me encontrar(em)...
Perdi-me

Meu bem, o que você espera de mim?

Agora é só eu e você, de novo, dançando. Será que um dia você vai cansar também minha querida? As vezes penso em aceitar aquele antigo pedido de casamento, só pra não acabar sozinho mesmo. Será que ao menos você me ama? Se pudesse falar comigo o que você diria? Eu procurei você em pessoas, o tempo todo, e você sempre ria disso. Eu te olhava pelo canto do espelho e via você rindo, e você não abriu a boca pra mais nada. Você estava ali quando eu chorava, mas eu nunca soube, você me confortava ou tentava levar o que restou de mim? Tuas mãos, as vezes, pesam sobre mim, e eu não sei se você me pede colo, se tenta me levar pra cama ou se só deseja que eu caia. Você só ri, o tempo todo, e as vezes eu rio também. As vezes o amor bate na porta só pra dizer que era engano, e eu nem sei porque atendia se eu sabia que os livros de história sempre contam os mesmos fatos. Só mudam de capa... Por vezes eu me canso das dores, mas eu continuo procurando por elas. Eu continuo procurando você nelas. Poesia, tá afim de transar? Hoje pode ser mais um daqueles dias, que você me fode, goza, me faz engolir, e joga esses braços que eu nunca vou saber o que pedem de mim.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Dos quadros que a vida abandona

Não obstante
Um pintor de telas
Decepcionado que suas cores
Já não podiam preencher
Espaços vazios de uma cena

Sua tinta seca fazia-o perceber
A necessidade de mudança
Então ele começou...
Pela paisagem