sábado, 15 de outubro de 2011

A cidade e as serras


E então agora irei afundar naquele livro,
Ou ele que se afundará em mim?
Ficou encostado por dois dias.

A chuva não cessa.
Isso me lembra de Londres, de algum modo.
Estou em Paris.
As páginas passaram, ainda estou no Montmartre.

Acho que o tédio existencial me engoliu também;
Não tive um dia tudo, mas não quer fazer sentido um dia ter.

Fico aqui em cima mesmo,
Essa fumaça que não me deixa enxergar a cidade
Já se tornou parte do meu corpo.

Que o autor me perdoe,
As próximas páginas já não me farão tanto sentido...

"E então, passeando através das salas, realmente me pareceu que percorria num museu de antiguidades; e que mais tarde outros homens, com uma compreensão mais pura e exata da Vida e da Felicidade, percorreriam, como eu, longas salas, atulhadas com os intrumentos da Supercivilização, e, como eu, encolheriam desdenhosamente os ombros ante a grande ilusão que findara, agora para sempre inútil, arrumada como um lixo histórico, guardado debaixo da lona". - A cidade e as serras - Cap XVI, p.186

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