sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O salvador de ilusões


Nada mudaria sua atitude de criança. O garoto de seu mundo tinha palavras soltas e um dicionário. Ele construiu um belo mundo em cima de seus arcaísmos. Alguma vez, o tempo ameaçou deixar aquele lugar em ruínas, então ele construiu uma arca para salvar todas as notas musicais de seu planeta. Naquela noite, as estrelas tocavam violino. Ele não pode distinguir a nostalgia de tristeza, e tampou seus ouvidos.

O aviso do tiquetaquear era claro, nenhum relógio contrariaria a vontade do tempo. Esperando o dilúvio chegar, ele não veio. O garoto continuou construindo aquele mundo, e se autodenominou Napoleão. Não era um livro de história, era apenas uma estória.

Ele continuou com os ouvidos tampados, e esse foi seu erro. Certo dia quando ele se lembrou de que não retirou os tampões, percebeu que já havia deixado de escutar. Seu erro foi ter uma vez rejeitado aquilo que tinha decidido salvar, tristes ou felizes, ele ignorou aquelas notas, até ter percebido que o dilúvio que o aguardava não seria a destruição do seu mundo, mas sua autodestruição. Sem música, jogando uma moeda para cima ele fez uma aposta, qualquer uma das faces que caísse, ele escolheria a morte. Quando ele a lançou...

Há três finais diferentes para esse conto;
1- A moeda permaneceu no ar girando e nunca mais retornou à sua mão.
2- Todas as notas se reuniram no dia seguinte, fazendo uma linda e jamais ouvida orquestra em seu enterro, a qual pôde ser escutada pela sua alma uma última vez.
3- O narrador fechou o livro, impedindo qualquer outro final que não fosse esse

Fim.

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